Que actividades familiares tem planeadas para este Verão?

Começaram as férias e quem tem filhos, para além de agendar as actividades usuais de adulto, terá que agendar actividades para os mais novos. É nestas alturas que pode achar que as férias de Verão são algo complicadas para os pais. Não são…O melhor que poderá fazer é focar-se no divertimento dos seus filhos pois, o Verão, é uma oportunidade para os pais desenvolverem a ligação que têm com os filhos e para os filhos se divertirem e apreciarem as férias.

Deixo aqui algumas dicas.

1. Foque-se no que resulta na família.

Cada família é única e os pais sabem o que resulta na própria família.

2. Que tal pensarem em conjunto?

Pergunte-lhe(s) o que gostaria(m) de fazer nas férias e coloque numa lista

3. Faça da “hora da brincadeira”, uma hora especial e prioritária.

Mesmo que tenham apenas 45 minutos de divertimento por dia, faça-os render ao máximo.

4. Tire partido do local onde vive.

O Verão é a melhor altura do Ano para desenvolver actividades fora de casa. Se mora perto da praia, vá construer castelos na areia em conjunto; se mora junto ao lago, vá tirar partido da água; se mora num local com muitas feiras, vá pesquisar as datas das feiras. Muitas cidades têm concertos no parque e actividades para crianças em museus ou livrarias, pesquise a sua cidade

5. Faça de todas as actividades motivos de divertimento

Enquanto Pai/Mãe deve ter muitas actividades/tarefas em casa (reparações, cozinhar, entre outras), aproveite e envolva o seu filho nelas. Com o devido cuidado necessário…

“Vamos cozinhar um bolo?” Procure as receitas criativas, faça o “dia da cozinha”, “dia das compras”…

6. Seja espontâneo

Faça algo que, normalmente, não faria. Por exemplo, chegue cedo a casa e leve os seus filhos a passear na praia, campo, parque…

7. Façam o vosso próprio campo/dia.

O campo/dia resulta em dias cuja família pretende deixar um dos pais a descansar. “Hoje é o dia da Mãe, portanto, o Pai fica em casa a descansar e nós vamos às compras”  Assim os filhos divertem-se e um dos Pais descansa alternadamente.

8. Não descure das actividades passíveis de se realizarem em casa..

A casa é um local gratuito e excelente para se divertirem. Façam jogos, tendo em mente o divertimento e não a competição, coloque musica e dancem, façam a vossa peça de teatro, façam o dia de beleza, acampem na sala…a imaginação é o limite.

9. Entre em contacto com a criança que há em si..

Lembre-se dos jogos que gostava de jogar, das actividades preferidas e partilhe-as

10. Envolva os seus filhos em actividades artísticas

Pintem, organizem o album de fotografias, …façam projectos de video.

11. O que tem planeado para este Verão? Partilhe connosco…

 

Dália Matsinhe

Psicóloga

 
Muito se tem falado do bullying  relacionado com a população infantil e juvenil, mas a verdade é que este comportamento não cessa na adolescência.

Mas o que é realmente o bullying no trabalho?
Bullying no trabalho é quando alguém tenta intimidar um colega em frente dos demais, seja ele de uma posição superior ou inferior. Sendo que, normalmente, a intimidação ocorre  a um colega de cargo inferior. É similar ao assédio mas este - assédio - ocorre quando o comportamento alguém é ofensivo. Exemplos: abusos relacionados com a raça, orientação sexual, religião, ou até comentários de cariz sexual.

Os especialistas dizem que há uma falha geral de consciência sobre o bullying, e os tipos de comportamento, dado o termo ser muito abrangente. Mas isso, muitas vezes, só impede as pessoas de perceberem que um chefe ou colega de trabalho é um bully, mesmo porque também há o elemento "vergonha pessoal" envolvido.

O bullying envolve abuso , violência verbal ou física, humilhação e o debilitamento da confiança do outro. Talvez esteja a ser vítima de bullying se está :
  • constantemente a ser humilhado em frente dos colegas
  • tratado de forma injusta
  • fisica ou verbalmente abusado
  • acusado de problemas causados por outros
  • constantemente a ser indicado para fazer muitos trabalhos de forma a negligenciar a sua função
  • ameaçado constantemente de despedimento
  • a ser constantemente preterido nas promoções e de forma injusta
  • ou se lhe são constantemente negadas as formações e de forma injusta
O bullying pode ocorrer:
  • cara a cara
  • por escrito (incluindo email)
  •  ou pelo telefone
Se tem duvidas relacionadas com esta situação fale com alguém porque muitas vezes pode ser um mal entendido.  Se se confirmar a situação:
  • fale com o bully - pode não ser intencional ou até nem aperceber do resultado das suas acções. Mas antes treine e pense bem no que vai dizer. Caso ache que não o consegue fazer peça a alguém para o fazer por si.
  • fale com um representante dos trabalhadores, alguém dos recursos humanos, gerente ou supervisor
  • coloque tudo, episódios e forma como ocorreram, por escrito. Mantenha também cópias dos documentos relevantes.


Sinais que podem significar que  precisa de ajuda:
  1. Trabalho significa angústia - é normal sentir desconforto relacionado com o início da semana de trabalho (2ªfeira, por exemplo), mas não é normal sentir-se ansioso ou com vontade de vomitar
  2. Dias de Saúde Mental - se utiliza a maioria dos seus dias de folga para tratar da saúde mental, se os seus familiares sentem que está obcecado pelo trabalho ou se se sente sem vida nesses dias, então pode estar a precisar de ajuda porque está a ser vitima de bullying


Cuide de si! Procure ajuda profissional de modo a perceber e saber lidar com este tipo de situações.

Dália Matsinhe


 
Bullying – O que é e quais os sinais de alarme?

 

Em primeiro lugar importa referir que, no bullying, o agressor é aquele que vitimiza, física ou emocionalmente, alguém que aparenta ser menos poderoso.

O Bullying envolve normalmente uma ou várias crianças mais velhas, ou mais poderosas, que vitimizam outra criança que é incapaz de se defender. Embora a maior parte das ocorrências relacionadas com o bullying fiquem sem serem reportadas, estima-se que, numa escola normal, ocorre uma caso de bullying em aproximadamente cada 7 minutos. Esta taxa é sempre a mesma independentemente do tamanho da turma ou da escola. Ainda assim, por razões desconhecidas, as escolas rurais têm uma taxa maior do que as urbanas ou suburbanas.

Mesmo nos casos reportados, muitas vezes denota-se uma subvalorização dos professores e dos pais, porque muitos acreditam que as crianças devem saber “defender-se” ou “responder de volta” por si sós.  

            Embora os agressores estereotipados sejam os rapazes, na realidade os casos ocorrem de igual forma com as raparigas. Estas crenças devem-se, na sua maior parte, pelo facto dos rapazes agredirem-se mais visivelmente, ou seja, fisicamente. Já as raparigas tendem a agir de forma mais grupal através da exclusão social e espalhando rumores. Até as raparigas que, aparentemente e individualmente, não tenderiam a serem agressoras, muitas vezes fazem parte de grupos que praticam o bullying sobre outros indivíduos, por exemplo, através de cadernos que circulam entre o grupo de pares, onde criticam e comentam as vitimas de bullying.

O Bullying inicia normalmente muito cedo, não sendo de espantar se encontrarmos agressores na pré-escola. Até aos 7 anos os agressores escolhem as suas vitimas de forma aleatória, posteriormente esta escolha é feita de forma específica, para atormentarem de forma regular.

O assédio moral vai-se tornando mais regular à medida que as crianças envelhecem. Simultaneamente, à medida que os agressores envelhecem, eles usam cada vez menos os abusos físicos para se tornarem cada vez mais verbais.

Já a popularidade dos agressores, à medida que envelhecem, vai-se desvanecendo. Ou seja, a sua média de 2 ou 3 amigos e admiração colectiva da sua resistência física passa, na escola, a uma diminuição da aceitação social ao ponto dos seus únicos amigos serem outros agressores.

Apesar da sua falta de popularidade, os agressores têm uma auto-estima relativamente alta. Talvez devido ao facto de processarem a informação social de forma. Por exemplo, os agressores atribuem intenções hostis às pessoas que os rodeiam, vendo provação onde normalmente não existe. “O que é que estás a olhar?”, é uma das frases normais nos agressores. Para eles, esta interacção agressiva serve de justificação para um comportamento.

Geralmente, o alvos dos agressores têm uma visão negativa da violência, chegam até a percorrer um percurso alternativo (caminho da escola) de forma a evitarem confrontos/conflitos. Tendem também a serem crianças/jovens solitário(a)s que exibem sinais de vulnerabilidade antes até de serem escolhidos pelos agressores.

Ser uma vítima de bullying leva a que a criança, que já tem uma baixa auto-estima, sinta-se mais ansiosa e, consequentemente, fique mais vulnerável. Ser alvo de bullying resulta num isolamento e rejeição social pelos pares, levando as vítimas a internalizar outras visões negativas, diminuíndo ainda mais a auto-estima.

Embora o bullying diminua na adolescência, é nesse período que a rejeição dos seus pares se torna mais dolorosa para as vitimas, levando em alguns casos ao suicídio. Sabe-se hoje que o bullying não é algo que se ultrapasse, como fase normal do crescimento, mesmo porque estudos indicam que parte dos agressores tornam-se criminosos em adultos, sendo provavelmente abusadores dos seus cônjuges ou filhos.

Assim, os sinais de alarme são:

1.      ira intensa,

2.      Ataques de fúria,

3.      Irritabilidade extrema,

4.      Frustrar-se com frequência,

5.      Impulsividade,

6.      Auto-agressão,

7.      Poucos amigos,

8.      Dificuldade para prestar atenção, e

9.       Inquietude física

Em qualquer um dos casos, do agressor ou da vítima, aconselha-se acompanhamento psicológico.

Psicóloga Dália Matsinhe,

Mestre em Psicologia Social

Licenciada em Psicologia Criminal

 
Começo este blog com um post relacionado com a dificuldade em dizer "Sim" e "Não". Muito interessante e relevante.


A dificuldade de dizer não (ou sim) - Contardo Calligaris

DURANTE TODA  minha infância, eu dizia "não" mesmo quando queria dizer "sim".

Usava o não como uma palavra de apoio, uma maneira de começar a falar. Minha mãe: "Vou sair para fazer compras; algo que você gostaria para o jantar?". Eu, enérgico: "Não", acrescentando imediatamente: "Sim, estou a fim de ovos fritos (ou sei lá o quê".

Os adultos tentavam me corrigir: "Então, é sim ou não?". "Não, é sim", eu respondia.

Entendi esse meu hábito muito mais tarde, quando li "O Não e o Sim", de René Spitz (ed. Martins Fontes). No fim da faculdade, Spitz era um dos meus autores preferidos, o único, ao meu ver, que conciliava a psicanálise com o estudo experimental do desenvolvimento infantil. No livro, pequeno e crucial, Spitz nota que, nas crianças, o uso do "não" aparece por volta do décimo oitavo mês de vida, logo quando elas costumam falar de si na terceira pessoa, como se precisassem (e conseguissem, enfim) se enxergar como seres distintos dos outros.

Para Spitz, a aquisição da capacidade de dizer "não" é um grande evento da primeira época da vida: a conquista da primeira palavra que serve para dialogar e não só para designar um objeto. Mas, cuidado, especialmente no segundo ano devida, o "não" teimoso da criança não significa que ela discorde do que está lhe sendo proposto ou imposto: a criança diz "não" para afirmar que, mesmo ao concordar ou obedecer, ela está exercendo sua própria vontade, a qual não se confunde com a do adulto.

Em suma, durante muito tempo, eu persisti na atitude de meus dois anos. Mais tarde,consegui me corrigir. Mas em termos; sobrou-me uma paixão pelas adversativas: mal consigo dizer "sim" sem acrescentar um "mas" que limita meu consentimento. É um jeito de dizer que aceito, mas minha aceitação não é incondicional. "Vamos ao cinema?". "Sim, mas à noite, não agora."

O uso do sim e do não, no discurso de cada um de nós, pode ser um indicador psicológico valioso. Mas, para isso, é preciso distinguir entre "sim" e "não" "objetivos", que têm a ver com a questão da qual se trata (quero ou não tomar café ou votar nas próximas eleições), e "sim"e "não" "subjetivos", que são abstratos, ou seja, que expressam uma disposição de quem fala, quase sem levar em conta o que está sendo negado ou afirmado.

Se o "não" subjetivo é um grito de independência, o "sim" subjetivo é uma covardia, consiste em concordar para evitar os inconvenientes de uma negativa que aborreceria nosso interlocutor.

Alguns exemplos desse "sim" covarde (e, em geral,objetivamente mentiroso). "Respondeu à minha carta?" "Sim, já mandei.""Gostou de minha performance?" "Sim, adorei." "Quer me ver de novo?""Sim, te ligo amanhã." Mas também: "Você vai assinar a petição para expulsar os judeus do ensino público?" "Claro, claro, estou assinando."

Acontece que dizer "não" é arriscado. A confusão com o outro, aquela confusão que ameaça a primeira infância e contra a qual se erguia nosso "não" abstrato e rebelde, é substituída, com o passar do tempo, por mil dependências afetivas: "Desde os meus dois anos, não sou você, não me confundo com você, existo separadamente, mas, se eu perder seu amor(sua amizade, sua simpatia, sua benevolência), quem reconhecerá que existo? Será que posso existir sem a aprovação dos outros?".

Em suma, o sim subjetivo é um consentimento abstrato (o objeto de consenso é indiferente e pode ser monstruoso), pois o que importa é agradar ao outro, não perder sua consideração. A necessidade narcisista de sermos amados nos torna covardes e nos leva a assentir.

Por sua vez, nossa covardia fomenta explosões negativas, tanto mais violentas quanto mais nossa concordância foi preguiçosa. À força de dizer "sim" para que o outro goste de mim, eu corro o perigo de me perder e, de repente, posso apelar à negação abstrata, espalhafatosa e violenta, só para mostrar que não me confundo com o outro, penso com aminha cabeça.

Bom, Spitz tinha razão, os usos do não e do sim permitem o diálogo humano. Mas é um diálogo que (sejamos otimistas) nem sempre tem a ver com as questões que estão sendo discutidas; ele tem mais a ver com uma necessidade subjetiva: digo "não" para me separar do outro ou digo "sim" para obter dele um olhar agradecido. Nos dois casos, tento apenas alimentar a ilusão de que existo.

Publicado originalmente na Folha de São Paulo em 17 de setembro de 2009

Retirado de: http://www.mosaicopsicologia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=62&catid=38&Itemid=62